Histórias de autoria: uma geração que lê, escreve e publica

Histórias de autoria: uma geração que lê, escreve e publica

Por Clarice Menezes

Aplicativos de autopublicação estimulam jovens a ler mais, além de oportunizar o desenvolvimento da expressão escrita. 

Alguns de nós ainda têm em mente que nossos alunos não gostam de ler ou de produzir textos. Diante de uma série de estímulos a que estão expostos diariamente, isso de fato pode parecer uma verdade absoluta, mas as coisas não são bem assim.

Já experimentou dar uma olhadinha no Wattpad ou no Spirit? Pois é. Descobri esses aplicativos para celulares há pouco mais de um ano e venho observando alguns perfis. Não é nada fácil acompanhar o que anda acontecendo no mundo dos jovens quando se trata de internet. Mas uma coisa é certa, a garotada não está parada e anda lendo e produzindo muito por aí.

Essa geração também é conhecida como nativa digital, termo cunhado por Marc Prensky para descrever os indivíduos que cresceram cercados pelas novas tecnologias e passaram a vida usando internet, câmeras, vídeos e celulares não só tem acesso à informação, como também  produz e compartilha conteúdo. Mas afinal, o que eles estão compartilhando tanto e como funcionam esses aplicativos de autopublicação de narrativas?

O Wattpad, por exemplo, oferece acesso à uma plataforma digital com livros e contos gratuitos. Através dele é possível publicar histórias autorais. Dizendo assim parece até comum, no entanto, se pararmos para analisar, é melhor que isso, pois os jovens, além de ler e escrever, também criticam e são criticados. Interagem com outros usuários e muitos passam a gostar de ler depois que conhecem os aplicativos.

Uma de minhas alunas me relatou que o Wattpad para ela “é um aplicativo onde posso descobrir verdadeiros talentos, garotas de 14 e 15 anos com histórias incríveis para contar, que me fazem ver as coisas com outros olhos e até mesmo amadurecer”.

Já o Spirit possui uma proposta diferente visto que as histórias são focadas no formato fanfiction (do inglês, histórias criadas por fãs de bandas, celebridades, mangás e diversos outros assuntos de interesse dos jovens). “É um aplicativo onde posso expor minha opinião, por ele eu posso escrever o que eu quero e ainda ter ajuda de amigos e conhecidos por lá.“, declara outra aluna, usuária do Spirit.

Ambos os aplicativos permitem que o escritor publique trechos ou capítulos da história.  À medida que ele vai recebendo o feedback de seus leitores, pode alterar ou não o rumo da narrativa.

Precisamos reconhecer que toda essa interação estimula os jovens a ler mais, além de mobilizar o desenvolvimento das habilidades da expressão escrita.

Não fique surpreso se seu aluno disser que não gosta de escrever redações ou textos narrativos na escola. Talvez ele já esteja bem famosinho por aí compartilhando muitas histórias ou até mesmo publicando livros.

Nos vemos na palestra do Senated 4.0, na sexta-feira, dia 27 de outubro, às 22h.

Até lá!

Clarice Menezes é bacharel em Comunicação Social, especialista em Publicidade e Propaganda pela UGF. Graduada e licenciada em Letras pela UERJ com especialização lato sensu em Teoria e História da Arte, Fundamentos e Práticas Artísticas. É professora da Rede Municipal e Estadual de Educação do Rio de Janeiro atuando no ensino fundamental e médio. Autora do blog Memória de Trabalho.

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Clarice Menezes

Bacharel em Comunicação Social, esp. em Publicidade e Propaganda pela UGF. Graduada e licenciada em Letras pela UERJ com especialização lato sensu em Teoria e História da Arte, Fundamentos e Práticas Artísticas. É professora da Rede Municipal e Estadual do Rio de Janeiro atuando no ensino fundamental e médio. Autora do blog Memória de Trabalho.

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