O celular na sala de aula: inimigo ou aliado?

O celular na sala de aula: inimigo ou aliado?

Por Clarice Menezes

Revista Urmes Express Clique aqui para acessar o n44.pdf

A nova geração de estudantes pensa e aprende em modo digital, domina amplamente as tecnologias e dita seus modelos de comunicação. Está constantemente conectada, é colaborativa e valoriza a troca de informações.

Diante desses alunos, são muitos os desafios para o profissional de educação, que deve assumir o papel de mediador e facilitador do processo de aquisição do conhecimento. Portanto, é urgente a adaptação das nossas práticas com o objetivo de estabelecer uma nova relação de diálogo com as atuais formas de aprendizagem. Aceitar e utilizar as tecnologias do dia a dia, principalmente os dispositivos móveis, já é um grande passo nesse sentido.

Segundo Marc Prensky (2001), “as crianças ensinam a si mesmas com a orientação do professor” e o papel da tecnologia em sala de aula é “o de oferecer suporte ao novo paradigma de ensino”, pois, “a pedagogia com que devemos ensinar, é a pedagogia de fazê-las gostar do conhecimento.”

Inovação: estranhamento e inclusão

No início, os dispositivos móveis não eram bem-vindos, por serem considerados uma interferência negativa. Essa percepção se devia muito mais à falta de habilidade em incluí-los na prática pedagógica do que propriamente a prejuízos educacionais. Muitos professores não sabiam como utilizá-los, o que acabava por afastar e deixar os alunos alheios às aulas. Mas, felizmente, tais recursos passaram de itens indesejados a aliados.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) editou o guia de Diretrizes de Políticas para a Aprendizagem Móvel (2014), no qual defende o uso da tecnologia na educação. Entre os 12 benefícios estão: facilitar a aprendizagem individualizada, a qualquer hora e em qualquer lugar e potencializar o conhecimento e o uso produtivo do tempo na sala de aula.

Colocando em prática

Para deixar as aulas mais interativas, dinâmicas e atraentes,é possível utilizar os aparelhos celulares de várias maneiras. Suas múltiplas funções permitem realizar tarefas como fotografar, filmar ou ouvir música, por exemplo, ampliando, assim, as ações pedagógicas.

Dessa forma, o professor pode planejar atividades mais significativas e deixar o aluno no centro da aprendizagem, promovendo a sua autonomia e trazendo o “seu mundo” para dentro da escola.

Os três relatos a seguir, de atividades de Língua Portuguesa realizadas com turmas do Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas, ajudam a ilustrar a eficácia do uso desses recursos.

A primeira atividade que desenvolvi foi mais simples e, certamente, mais operacional, porém não menos importante. A segunda e a terceira demandaram pesquisa, seleção de informação relevante, compartilhamento de conhecimento e produção original de conteúdo.

Atividade 1 – Compartilhei por meio dos celulares a letra da canção Planeta Água, de Guilherme Arantes.O uso da tecnologia tornou mais fácil e prático a aplicação desse  recurso amplamente utilizado por nós, professores de Língua Portuguesa. A atividade gerou engajamento na turma e reforçou o caráter bem-sucedido dos aparelhos na dinâmica da sala de aula. Debate, correção e avaliação complementaram o processo da prática pedagógica.

Compartilhando a letra e o vídeo da canção

Atividade 2 – A proposta inicial foi estudar o Romantismo Brasileiro fazendo pesquisas na internet durante as aulas. Divididos em pequenos grupos, os alunos buscaram, selecionaram e organizaram o conhecimento, para, no final, fazerem as apresentações. Os dispositivos móveis proporcionaram dinamismo à prática pedagógica e otimizaram o tempo de aula, evitando que a turma fosse deslocada para a biblioteca ou para a sala de informática.

Pesquisa sobre Romantismo na internet

Atividade 3 – O desafio foi produzir um videopoema. As estratégias variaram entre leituras individuais e locuções em off. As gravações e as edições de imagens e áudios foram feitas com os celulares dos alunos. Além de poderem desenvolver diferentes habilidades, eles aprenderam a usar a criatividade, a trabalhar em grupo e a solucionar problemas.

Gravação do vídeo-poema

Citando Moran (2000), no mundo contemporâneo em que “o papel do professor agora é o de gerenciador do processo de aprendizagem”, o uso do celular na sala de aula, definitivamente, trouxe benefícios ao proporcionar mais dinamismo às atividades e maior protagonismo aos estudantes.

Fontes

MORÁN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar e aprender com tecnologias. Interações. Vol.5 – N° 9 – JAN/JUN 2000. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias_eduacacao/uber.pdf

PRENSKY, Marc. Nativos digitais, Migrantes digitais. On the Horizon, NCB University Press, Vol. 9 – N° 5 – outubro 2001. Disponível em: http://www.colegiongeracao.com.br/novageracao/2_intencoes/nativos.pdf

UNESCO. Diretrizes de políticas para a aprendizagem móvel. 2014. Disponível em: http://www.bibl.ita.br/UNESCO-Diretrizes.pdf

Para ter acesso à publicação e ao artigo O celular na sala de aula, inimigo ou aliado, clique no pdf da revista:
http://urmes.com.br/revistas/n44.pdf

Clarice Menezes, Mestre em Ciências da Comunicação pela UFP, Publicitária pela Universidade Gama Filho (UGF). Licenciada em Letras pela UERJ, com especialização lato sensu em Teoria e História da Arte, Fundamentos e Práticas Artísticas. Professora da Rede Municipal e Estadual de Educação do Rio de Janeiro atuando no ensino fundamental e médio. Autora do blog Memória de Trabalho.

http://urmes.com.br/revistas/n44.pdf

Clarice Menezes

Bacharel em Comunicação Social, esp. em Publicidade e Propaganda pela UGF. Graduada e licenciada em Letras pela UERJ com especialização lato sensu em Teoria e História da Arte, Fundamentos e Práticas Artísticas. É professora da Rede Municipal e Estadual do Rio de Janeiro atuando no ensino fundamental e médio. Autora do blog Memória de Trabalho.

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